segunda-feira, 28 de junho de 2010

4º Raid BTT TNT - Póvoa Stª Iria - 27 de Junho de 2010

Percurso dos 40
Percurso dos 80


Em 2008, ainda tenrinho nas lides do BTT o "Mister" Fernando levou-me ao Raid dos TNT-Todos no Trilho e eu adorei. Em 2009 não houve Raid e em 2010 este Raid renasceu com uma qualidade de trilhos incrível. Outro que marcou presença para os 80km foi o amigo Carlos que também não quis fugir à dureza...esquecendo a partida cuzei-me com ele por 3 vezes.

Este Raid deveria ter o certificado de O Empeno é Garantido.

Eu e o amigo Fernando partilhamos a viagem de carro até ao local da partida pois uma vez que o tempo não lhe permitia fazer os 80km este iria fazer os 40km e depois fazia de imediato o treino de recuperação até Odivelas...ponham os olhos neste jovem rapazinho!!! No fim, acabou por não se classificar porque a corrente partida por 3 vezes e alguns kms perdido deixaram-no "curto" de tempo e ao chegar à Granja já com 47km feitos teve que abortar a missão de ainda subir até à Póvoa e com isso conseguiu evitar a Subida do Martelo...aquela que fica ao lado do túnel.

Acho que posso em nome dele agradecer a preciosa ajuda que teve da Motoreis na reparação da corrente e cedência de elos rápidos.

Quanto ao Raid posso começar por dizer que o Staff da Organização do evento é muito simpático e atencioso (com o gajo dos furos). Antes da partida houve uma explicação conviniente das sinaléticas que iríamos encontrar durante o percurso e que seriam 3 tipos de fitas a sinalizar o mesmo. Com a quantidade de fitas que andam aí perdidas nos trilhos qualquer dia as nossas matas vão parecer uma gigante árvore de Natal, durante o percurso pudemos constatar o que aqui relato...tanta fita perdida.
O Raid começou de forma algo cómica. Dada a partida o pessoal acelera a fundo para ao fim do garrafão (cerca de 200m) parar porque "alguém" esqueceu de retirar as cancelas do caminho. A partida em alcatrão e a subir deu para escoar o pessoal rápidamente. Logo no kms iniciais recordo uma entrada num Drop em que estava um elemento da Organização junto a uma seta que indicava para virar à esquerda e como este não disse nada e não dava para perceber que era um Drop não consegui perceber o que ele estava ali a fazer. Mais valia terem dispensado o Sr. para outro ponto do percurso em que fizesse mais falta, a não ser que ele estivesse ali para garantir a chamada de assistência se alguém caísse por ali abaixo...não percebi. Era perigoso, assim como outras partes do percurso em que deveriam ter colocado a tal sinalética de perigo e não me recordo de ver alguma, apenas as de passagem em zonas com carros. Nos kms iniciais deu para rápidamente perceber as lacunas nas marcações do percurso. Faltaram muitas placas de mudança de direcção, eram essenciais. Evitariam que muitos andassem perdidos ou então que tivessem de recuar para mudar de direcção o que chegou a acontecer várias vezes. No espaço de 1 mês são 3 as provas onde as marcações deixaram muito a desejar (Barreiro, Cartaxo e Póvoa Stª Iria)
O percurso era fantástico. Não fazia ideia que existissem tantos single tracks para aqueles lados, quanto às subidas nem preciso falar porque quando se avistavam Eólicas ou Marcos Geodésicos esse era o caminho a seguir. Por diversas vezes senti-me diminuído ao olhar para os MG, a caminhada para os conquistar tornou-se cada vez mais lenta com o passar dos quilómetros.

Proponho que o pessoal faça deste percurso um Challenge. Um dia para fazer o percurso na descontra. Partindo da Sede - Café Passatempo, deve dar qualquer coisa como 120km (excluíndo a descida/subida à Póvoa deve ficar pelos 100km) Vamos em autonomia e se necessário paramos para almoçar em qualquer sitio e depois retomamos a marcha!

Quanto à minha prestação...
Duas semanas seguidas do mais puro e Duro BTT. Durante a semana não descansei o que devia, foi corrida e quase 200km de bicicleta. O Sábado não chegou para restabelecer os músculos e assim que acordei senti-me cansado. Começou a prova senti-me mais cansado com as pulsações muito elevadas e as pernas a não corresponderem às pulsações atingidas. Aos 20kms rolava nos 10 primeiros mas mesmo assim já levava 15 minutos de atraso para o primeiro (Tiago Silva, 2º no TransPortugal 2010 e que viria a vencer) o que não era muito positivo porque tinha traçado o objectivo de não levar mais de 30 minutos de avanço do 1º classificado.
Km20 - logo após o 1º abastecimento inicia-se uma descida e sinto a bicicleta a perder rápida e completamente a tracção na traseira - furo. Sem stress remendei, o cansaço que sentia dizia-me que não valia a pena apressar mais o ritmo. Retomei a marcha...
km20.200m - um estoiro. Novamente o pneu de trás no chão. 200 metros, nada mau!!! Uma poeirada enorme no ar. Diz quem viu e ouviu que parecia um tiro. O pneu tinha rasgado algures e quando coloquei a câmara de ar nova não me apercebi desse factor. Sem mais câmaras de ar pensei durante uns tempos se voltava para trás (desistia) mas com calma e dentes a servirem de lâmina para cortar uma das câmaras lá me desenrasquei. Perdidos, foram só 24 minutos. Passados uns kms encontrei novamente o amigo Carlos que acompanhei durante uns tempos e depois fui no meu ritmo enquanto alcançava outros participantes que exclamavam eu ser o "furado lá de trás". Na roda de trás eu tive que colocar pouco ar para evitar que a câmara (apesar de revestida c/ dupla camada) voltasse a rasgar. A insegurança mesmo no alcatrão era bastante perceptível, a traseira não tinha tracção. Foi um risco que se traduziu numa queda numa descida, o que vale é que era terra fofinha.

-Seria um aviso para me deixar ficar no chão?

Km40 - 2º abastecimento meia dúzia de palavras trocadas e um alerta para a próxima descida recheada de pedra...mesmo como a Epic gosta LOLOLOL Só que desta vez a descida teve que ser feita muito lentamente, como já estavam a ser as outras após o furo.
Km42.5 - Depois de descer tudo os dentes da cobra voltaram a atacar a fragilizada roda e fiquei apeado novamente. Enquanto olhava para trás tinha a certeza de não querer voltar a pé tudo o que havia acabado de descer. Telemóvel em punho e nada de TMN, desci mais uns metros até ao alcatrão e liguei para o SOS só para saber qual o caminho mais curto para iniciar a minha caminhada de mão dada com a bela da Epic, desliguei. O socorro havia passado por ali à uns minutos e voltar para já era complicado. O melhor seria regressar até ao posto de abastecimento. Assim que retomei a penosa marcha ascendente pensei que se tinha de SOFRER e fazer uma subida tão longa para retroceder cerca de 2.5km mais valia a pena tentar mais qualquer coisa uma vez que até tinha visto lá uma bike parada. Enquanto subia cruzei-me com o amigo Carlos que ainda me ofereceu uma câmara de ar e cruzei-me com muitos outros participantes que ofereciam ajuda mas o problema estava no pneu. Não sei quanto tempo demorei a chegar ao abastecimento mas este momento foi muito nostálgico para mim pois enquanto caminhava e corria pensava que nunca uma prova ou passeio tinha ficado por terminar. No que estivesse ao meu alcance eu queria continuar a adiar este dia. Chegado ao abastecimento todos começaram por lamentar o meu infortúnio e informavam que a assistência já nos viria buscar.
Eu-A mim? Não. Eu só quero uma solução para continuar. A roda daquela BeOne servia-me, é só mudar o disco!!!
Staff-Nop, é do bike vassoura.
Eu-Então e câmara de ar?
Staff-Fino ou grosso?
Eu- Fino.
Staff- Fino não há.
Eu- E remendos?
Staff-Temos pequenos e grandes.
Eu- Manda vir.
Novamente abri as costuras à Epic e comecei o processo de recuperação daquela beleza (lolol) Entretanto apareceu o René que desistindo ali me disponibilizou a sua câmara de ar suplente.

-Os meus sinceros agradecimentos. Ainda tentei que ele viesse comigo mas a vontade de ficar por ali teve mais peso na sua balança pessoal.

Fotos do pneu
Coloquei um remendo no pneu acrescido de mais um retalho da câmara de ar e comecei a insuflar o suficiente para prosseguir caminho e voltei a abastecer-me. Depois de descer novamente o mesmo trilho percebi que a quantidade de ar 1.5bar era insuficiente e que mais tarde ou mais cedo a malvada cobra iria reaparecer então dei mais umas bombadas. De ambas as formas estaria a correr riscos pelo que agora teria de experimentar a outra opção.
O empeno já era grande e ainda faltavam 50% da prova para fazer. A minha estimativa de chegar passou a ser as 16h. Quando retomei a prova sabia que era o ultimo participante pelo que desta vez não precisava olhar para trás e apesar de já não estar preocupado com a classificação em termos de posição fui pedalando sempre na esperança de ir encontrando alguém à minha frente que servisse de incentivo. Fui encontrando alguns participantes, alguns ainda dos 40km. À sombra de uma árvore um participante a quem ainda ofereci 1 cabo para as mudanças que tinha partido mas este preferiu esperar pela assistência e eu também não insisti.
Perto do fim um longo single track não permitiu desfrutar em pleno do que este tipo de trilhos costuma oferecer pois a falta de concentração proviniente do cansado estava instalada e a descida foi feita com algumas cautelas - posso garantir que é um trilho espectacular.
Para finalizar a subida do martelo (ao lado do túnel de Santa Iria). Foi a cereja no topo do bolo, ainda com forças ou teimosia para subir montado foi uma excelente forma de terminar este Raid.

Uma vez que a cobra não mais conseguiu causar estragos na bela da Epic convocou um outro elemento da natureza com riscas amarelas e pretas que entrou pelo meu capacete a dentro e me deu uma ferradela. Acho que é caso para afirmar que tenho a cabeça dura. E assim espero continuar...

Se na semana passada o 12º lugar de Minde foi motivo de satisfação posso garantir-vos que o lugar terminar hoje foi muito especial para mim.

No fim o meu conta-km acusou:
Distância - 87.6km
Temperatura máxima - 36º
Altimetria - 2.320m
Tempo total - 6h47
Tempo a pedalar e a caminhar - 5h51
Velocidade média - 14.96kmh
Velocidade máxima - 50.40kmh
Pulsação média - 154bpm
Pulsação máxima - 194bpm

Depois vem o resto.
Agora vou dormir.

As classificações

Um abraço
Rui Luz

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