domingo, 19 de abril de 2009

SRP160

Para mais informações sobre a prova podem visitar www.srp160.com

Ultramaratona de Serpa
18 de Abril de 2009
Distância 155kms
Acumulado subidas 2.200m

Parti para Serpa rumo a mais uma aventura. Depois de 210kms de carro cheguei ao parque de campismo onde os participantes do evento podiam pernoitar . Um parque pequeno mas com um aspecto muito acolhedor. Fui dar uma volta, checar o WC e reparei que tinha 2 coisas que não é normal encontrar nos parques de campismo, papel higiénico e àgua quente nos lavatórios.
Devido à chuva que caia senti um repentino arrependimento por ter de montar a tenda sob aquelas condições, por uns minutos pensei em dormir no carro mas não seria de todo a melhor opção para quem iria passar tantas horas em cima de uma bicicleta no dia a seguir...apressei-me a montar a tenda e fui procurar um local onde jantar.
Apesar de Serpa ser pequeno tive muitas dificuldades em encontrar um restaurante recomendado por um amigo e que fica no Centro Histórico. Depois de umas quantas voltas quase sempre a passar pelo mesmo sítio e demasiado faminto fiquei-me pelo 1º restaurante a aparecer no meu caminho e que desse para estacionar perto por causa da bicicleta.

Após o jantar passei pelo secretariado da prova para recolher o meu dorsal e encaminhei-me novamente para o parque onde adiantei os preparativos para a prova que se adivinhava longa.

Acordei por volta das 6h40 e ainda indeciso sobre que pneus usar. Não sabia se arriscava a levar uns pneus mais rolantes ou uns pneus que se adaptassem melhor à lama...acabei por levar um pneu rolante à frente (Kenda 1.95) e atrás um pouco mais de tracção (IRC 1.95)...estando eu a mudar os pneus apercebo-me que o tempo estava a ficar muito escasso e que não faltavam mais de 15 minutos para o início da prova. Aproveitei este tempo para dirigir-me até ao local da partida quando me apercebo que o aperto rápido do espigão não apertava correctamente, felizmente levei o que precisava e o que não precisava e no meio disso um aperto rápido fiz a troca e ainda pensei uns segundos se trocava o pneu da frente por um Nobby Nic 2.10...ouvi o speaker a alertar para o início da prova e desisti da troca e fui a "correr" para o controlo zero.

A partida teve início às 8h07 com o alerta de cuidados especiais para um single track por volta do km14 e também para a distância entre a ZA2 e ZA3 que seria de 37kms. No início percorremos uns trilhos muito enlameados e eu sentia a falta de tracção o que me deixou a pensar que tinha tomado a opção errada na escolha do pneu da frente. A prova foi-se desenrolando por uns trilhos muito bonitos junto ao Guadiana e assim que apanhei a 1ª subida digna desse nome e que coloquei o prato pequeno este começou a sugar a corrente e eu a ter de desmontar e a subir a pé. Como ia prevenido acrescentei um pouco de óleo mas na subida seguinte voltou a encaracolar, fui subindo sempre no prato do meio sem experimentar novamente o prato pequeno com medo que pudesse partir a corrente mas chegou uma altura em que percebi que sem aquele prato dificilmente chegaria ao fim. Numa das ZA's aproveitei para passar um pouco de água pela transmissão e lubrifiquei muito bem para na subida seguinte testar...tudo ok...fiquei bastante aliviado pois ainda só tinham passado 35kms e faltava muito para o fim.

Fui pedalando sozinho a ouvir música e a desfrutar da paisagem. Flores de várias cores e espécies, o trigo, o rio, as serras e muitos minutos sozinho quase que davam para meditar. Ao chegar ao km82 desapareceram as marcações e fiquei aflito/perdido no meio de um cruzamento até que chega um grupo atrás de mim e decide ir em frente...fui atrás a lembrar-me de alguns momentos parecidos a Caminho de Santiago, como o caminho que optámos seguir era a descer eu esperava que fosse o correcto para não ter de voltar para trás ...felizmente era o caminho correcto o qual nos levou até à ZA4 (Zona de Abastecimento). Aqui ficámos a saber que alguém havia arrancado as fitas ao longo de cerca de 6kms e que cerca de 20 a 30 participantes tinham "desistido" e regressado a Serpa por estrada perante esta situação que os deixou algum tempo à deriva no meio do monte.

Como durante todo o percurso estava a alimentar-me e hidratar correctamente para não sofrer quebras nas ZA's perdia cerca de 3 a 5 minutos para repôr a àgua no bidon e colocar umas bananas no jersey e ainda lubrificar a corrente. Aos 98kms na ZA5 juntei-me a um grupo de 3 e durante uns kms fomos usufruindo da companhia uns dos outros o que ajudava a passar o tempo e a andar um pouco mais depressa. Um grupo composto por Belas, Amadora, Sintra e Viseu. Ao passarmos por um ribeiro que a àgua dava pelo joelho o Sintra "tombou" e demorou um pouco a retomar a marcha. Como o Amadora já se vinha a queixar à uns tempos e o Sintra a dizer para eu e o Viseu irmos andando usando a expressão de "amigo não empata amigo"nós seguimos caminho. Ao chegarmos à ZA6 fizemos uma paragem muito breve e assim que retomamos sugeri que o Viseu apanhasse o grupo da frente pois estes pareciam ter um andamento de acordo com a pedalada dele...o rapaz foi impecável e aqui se vê a sua humildade quando me disse que até gostava de apanhá-los mas não me queria deixar para trás...respondi-lhe que podia ir tranquilo porque eu estava bem e ia fazer um ritmo que me levasse até ao fim.

O ponto de referência da prova foi a ZA4. Até aqui percorria-se a parte mais dura do percurso em termos de acumulado de subidas, cerca de 1500m para 88kms. Como já estava a cerca de 35kms para o fim da prova e sentia-me muito bem físicamente resolvi aumentar um pouco o ritmo. Até aqui levava uma média de 17kmh acabando por terminar com média de 18kmh o que quer dizer que o acréscimo do andamento foi muito significativo. Com o passar dos kms fui passando também vários participantes e fui-me apercebendo que estavam com aquele ar de quem tinha feito uma gestão menos eficaz que a pretendida. No meu horizonte comecei a ver o amigo Viseu cada vez mais perto e foi "engraçado" ver que o grupo onde ia começou a desmembrar-se e aí o pessoal já não consegue parar para ajudar os mais fracos porque senão também podem fraquejar e aos poucos fui passando por cada um deles até chegar ao Viseu a quem ofereci a minha roda...faltavam 5kms, ele virou-se para mim e disse-me estou acabado mas ainda insisti com ele um pouco até ele se juntar a outro elemento do grupo que já ia mais à frente, quando tentei puxar por eles dois disseram-me que podia ir porque eles estavam acabados...fui e lembrei-me do Armstrong a propósito de uma competição que perto do fim e tendo terminado em segundo responde ao vencedor...I'm done!

Ao fim de 9hrs a pedalar a emoção, dôr, satisfação são um misto enorme de sensações as quais por mais que escreva ou tente explicar são difíceis de transmitir. Para o ano espero lá voltar para usufruir deste magnífico desafio que é fazer a Ultra de Serpa.
O meu tempo 9:00:44 - Devido ao incidente das marcações por volta do km82 foi decidido não atribuir classificações ao percurso de 160kms. Dos 168 que terminaram este percurso o 1º fez 7:56:22 e o ultimo 12:10:49.

Classificações dos 80kms
Ordem
Nome Frontal Tempo
1
Vitor Gamito 151 3:41:29
101 Rui Pedro Saraiva 296 9:05:17



É preciso é terminar...

Um abraço
Rui Luz

sexta-feira, 17 de abril de 2009

2º Raid Saloios BTT Arneiros – TVD

Realizou-se no passado dia 5 de Abril o 2º passeio dos Saloios em Torres Vedras. Um passeio ao qual eu desde o ano passado garanti que tentaria repetir devido à qualidade muito acima da média do mesmo.
Staff, marcações, ambiente, percurso, abastecimentos e almoço muito impecáveis.
Ao chegar ao local ainda não havia decidido qual dos percursos fazer, se os 40km ou os 70km. Esta indecisão devia-se ao facto de ter efectuado bastante esforço físico na ultima semana e o descanso de cerca de 36h ser demasiado curto para recuperar o que quer que seja. Ignorando todas estas ideias e sabendo que o ideal teria sido ficar em casa para descansar dirigi-me ao secretariado e depois de novamente recordar o sucesso que foi o ano passado decidi que afinal iria fazer os 70kms.
No local encontrei ainda de manhã o amigo Zé Manel e filho, o Paulo e filha, foi o dia dos pais e filhos a pedalar. Só os voltei a reencontrar durante o almoço mais o amigo Zé Carlos e respectivos famíliares.
Neste passeio aproveitei para testar um novo conjunto de pneus, Kenda small blocks 1.95. Como o nome indica são uns pneus com taco muito reduzido para permitir um rolar mais rápido, a subir nota-se que não agarram tão bem sendo necessário compensar com a técnica aliviando ao máximo o peso atrás. A curvar não parecem comprometer, excepto se o piso for mais arenoso. Julgo que este pneu será o indicado para usar nas maratonas e provas de resistência que pretendo fazer este ano.
Para esta prova estava preparado para uma gestão eficaz na alimentação e hidratação por forma evitar o desgaste prematuro. Iniciei como tento sempre fazer, num ritmo não muito elevado uma vez que estavam pela frente 70kms. Ao fim da 1ª hora estava com uma média de 20km/h (mesmo tendo estado perdido cerca de 1km). Não achei que estivesse a andar depressa demais para o que ainda faltava fazer mas os trilhos estavam a permitir andar sem grande esforço. A 2ª hora foi feita a uma média muito mais baixa de 16km/h devido a ter-se acentuado o sobe e desce típico de Torres Vedras.
Este ano alguém teve a fantástica ideia de encaminhar a prova até à praia pelo que subimos os trilhos da Ribeira de Ilhas na Ericeira passando por vários spots excelentes para a pratica do Surf…no meu caso o bodyboard. Por esta altura começava a recuperar várias posições pois a táctica de começar moderado é para ter capacidade de acabar com força ou em alta.
Com aproximadamente 50kms percorridos as coisas iam correndo de feição. Vinha à uns kms a manter uma picardia saudável com mais 2 atletas quando após já os ter deixado para trás cai aparatosamente numa descida e estes nem pararam para perceber se eu estava vivo passando por mim como se nada se tivesse passado…é preciso ter estômago.
Por uns momentos fiquei irado e a lembrar-me que há com cada um nestas coisas…no início do passeio parei para ajudar um atleta que não sabia colocar a roda traseira após ter remendado um furo…parei perante o ar super aflito do amigo virei-lhe a bicicleta de patas para o ar e em menos de 1 minuto tinha a roda no sítio, tendo avisado que ele apenas teria de apertar a gosto…o tipo nem me ouviu aproveitou eu ter parado para se preparar para a corrida e zás vira a bike ao contrário sem apertar a roda e foi peremptório a dizer…então pá!!! Não apertaste a roda!!! Fiz novamente o favor de lhe colocar a roda no sítio deixando novamente por apertar…o aperto das minhas rodas fica sempre à minha responsabilidade e assim ajo com a dos outros.
Voltando desta memória à realidade ali estava eu a bufar com o quadro amassado, uma manete do travão torcida e algumas escoriações…2 rapazes pararam para me ajudar mas eu possuído acho que nem lhes liguei nenhuma enquanto praguejava por não conseguir retornar o guiador à sua posição inicial. Retomada a corrrida o meu objectivo passou a ser apanhar aqueles 2 porreiraços para os poder cumprimentar.
A adrenalina subiu imenso e eu pensava ser possível andar mais depressa mesmo ainda estando a faltar quase 20kms e assim o fiz. Passado uns minutos fiquei com a corrente seca o que me começou a preocupar pois todas as subidas eram feitas no prato pequeno e este já tinha dado os sinais de secura…começando a sugar a corrente…o efeito chainsuck…mesmo tentando abrandar a corrente fica presa. A opção passou a ser desmontar e correr sempre que necessário (bom treino) o 1º de 2 foi absorvido rápidamente e ao passar por ele olhando-o bem nos olhos disse-lhe um: Então até já!!! Continuei no encalce do outro, estava controlado e sabia que mais minuto menos minuto haveria de o apanhar uma vez que sempre que a altitude aumentava eu ganhava imenso terreno e foi aí, numa subida em que eu já estava a cerca de 20 metros e que parecia já estar no papo que me dá uma cãimbra forçando-me a abrandar o ritmo e permitindo novamente a fuga. Já não restavam muitos kms e apesar dos esforços já não foi possível recuperar esta “pessoa”. Assim que passei a meta aproveitei para ir cumprimentar o amigo e felicitá-lo pela atitude…
Os Saloios voltam a ter nota máxima na organização deste evento. O almoço estava muito bom e foi passado na companhia do pessoal do Passatempo aproveitando para contar um pouco sobre a aventura de Santiago.
Para o ano que vem espero poder voltar a incluir este passeio na minha agenda.

Acumulado subidas 1.450m

Classificações dos 70kms

Posição Dorsal Nome Tempo
1 282 Joao Paulo 3:06:48
18 349 Rui Luz 3:39:03
63 342 Bruno Rodrigues 5:32:55

Classificação dos 40kms
Posição Dorsal Nome Tempo
1 85 Pedro Amaro 1:47:27
2 107 Luis Carvalho 1:57:53
54 356 JOSÉ SANTOS 2:37:47






221 232
PedroCarvalho 5:15:58

Um abraço
Rui Luz

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Lisboa a Santiago de Compostela (7º dia)

3 de Abril de 2009
Pontevedra - Santiago de Compostela
Kms percorridos 70km
Média 15kmh
Acumulado subidas 1.244m

Ultimo episódio
Chegavamos ao ultimo dia da nossa aventura. A emoção era muita e era quase como se já estivessemos lá apesar de ainda faltarem cerca de 70kms. Neste dia acordamos um pouco mais cedo que o costume e pela ultima vez arrumamos os sacos e cumprimos a rotina matinal para mais uma vez seguirmos as setas amarelas.Uma das muitas fontes onde abastecemos água fresquinha.
O dia amanheceu com muito frio, o dia mais frio de todos até então. O sol também tardou a aparecer pelo que os kms iniciais foram feitos com algum desconforto...mais uma vez lembrávamos que felizmente não choveu senão tudo teria sido diferente e certamente mais árduo. Fomos pedalando, conversando e tirando mais umas fotos para bem recordar os momentos que passamos.Mais tarde...Saber que já estavamos perto e a ânsia de chegar fazia-nos pedir testes como este mas o Caminho não levava aquele sentido.
Hoje passámos por muitos peregrinos a pé inclusive um grupo de cerca de 20 portugueses onde se notava que alguns já estavam muito mal tratados...esperamos que tenham conseguido atingir o objectivo.

A chegada a este ponto de onde se consegue avistar a catedral garante-nos que estamos "lá", a satisfação é imensa por saber que mais 30 minutos serão suficientes para chegar à Catedral.
O ultimo Downhill...
Chegámos, satisfeitos, felizes, realizados...Conhecemos um pouco a Catedral e os arredores . Após termos almoçado fomos dar um abraço a Santiago...um abraço de olá, adeus e até breve.
A viagem de regresso foi efectuada no próprio dia graças à disponibilidade do Zé "Mau" a quem nós endereçamos novamente os nossos agradecimentos.
Gostaríamos também de agradecer a todos os que nos apoiaram e mostraram interesse por esta nossa viagem com telefonemas e sms's. O vosso apoio foi mais um incentivo para vos trazer esta estória que chegou ao fim!

Um abraço
Rui e Miguel